Estive uma vez, com um homem que era dois. Uma metade era: “Carpe
Diem!”. E a outra era: “À que vim?” De início, conheci a parte Carpe Diem, e
era intensa, feliz, e, insuportavelmente... “Carpe Diem”. Sempre rindo, sempre
brincando, sempre colhendo do que de melhor plantava, sempre criança, sempre...
Na época em que o conheci, o manto da noite, apenas ele, era
capaz de esconder qualquer ser, não havia os holofotes, era seguro, e era uma
faca de dois gumes.
Eu era invisível, e o homem duplicado estava sob a trêmula
luz de uma vela. E não estava ali, em sua face, agora fantasmagoria, a euforia
de antes, e “vida” de antes. Estava ali, apenas um semblante triste, de quem
vive na orla do fim do mundo, lugar onde ninguém desiste, mas, ninguém tenta. Estava
ali, apenas um homem, com problemas e dúvidas. Problemas, que se resolveriam, e
dúvidas que se casariam com respostas, umas certas, outras nem tanto. Estava ali,
sob a luz da vela, um homem que era dois, um homem perfeito.
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A metade “Carpe Diem” era: “Se não houver amanhã, não tem
problemas, já terei vivido de tudo, hoje.
A metade “À que vim?” era: “Se não haverá amanhã, pra que
ser algo, ou fazer algo?”
O Homem Que Era Dois,era perfeito, porque sua metade “Carpe
Diem” dizia à outra, que era “À que vim?”, que se o amanhã não viesse, a vida
teria valia, nem que fosse mínima, se você a vivesse. E a outra metade dizia à “Carpe
Diem”, que se vivesse “tudo” o que quisesse viver, por medo de que o amanhã não
viesse... O amanhã final viria mais rápido.
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