21 de nov. de 2011

O Homem Que Era Dois


Estive uma vez, com um homem que era dois. Uma metade era: “Carpe Diem!”. E a outra era: “À que vim?” De início, conheci a parte Carpe Diem, e era intensa, feliz, e, insuportavelmente... “Carpe Diem”. Sempre rindo, sempre brincando, sempre colhendo do que de melhor plantava, sempre criança, sempre...
Na época em que o conheci, o manto da noite, apenas ele, era capaz de esconder qualquer ser, não havia os holofotes, era seguro, e era uma faca de dois gumes.
Eu era invisível, e o homem duplicado estava sob a trêmula luz de uma vela. E não estava ali, em sua face, agora fantasmagoria, a euforia de antes, e “vida” de antes. Estava ali, apenas um semblante triste, de quem vive na orla do fim do mundo, lugar onde ninguém desiste, mas, ninguém tenta. Estava ali, apenas um homem, com problemas e dúvidas. Problemas, que se resolveriam, e dúvidas que se casariam com respostas, umas certas, outras nem tanto. Estava ali, sob a luz da vela, um homem que era dois, um homem perfeito.
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A metade “Carpe Diem” era: “Se não houver amanhã, não tem problemas, já terei vivido de tudo, hoje.

A metade “À que vim?” era: “Se não haverá amanhã, pra que ser algo, ou fazer algo?”

O Homem Que Era Dois,era perfeito, porque sua metade “Carpe Diem” dizia à outra, que era “À que vim?”, que se o amanhã não viesse, a vida teria valia, nem que fosse mínima, se você a vivesse. E a outra metade dizia à “Carpe Diem”, que se vivesse “tudo” o que quisesse viver, por medo de que o amanhã não viesse... O amanhã final viria mais rápido.

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